Quinta-Feira. Maria levantou empolgada. Tinha combinado com as amigas que na sexta após o serviço ia rolar aquele Happy Hour que elas tanto almejavam. Era sete da matina e Maria se arrumava para ir ao serviço ouvindo aquela playlist para dar aquele gás preparando-se para sair. No serviço ela conversou com as amigas, fizeram planos sobre o ponto de encontro, roupas e maquiagens, além de outros assuntos corriqueiros do dia a dia. Fim de expediente. Maria volta para casa, enfrenta as piores situações relacionadas a conforto nos meios de transporte. Afinal, não nasceu rica. Mas mesmo assim, vê a felicidade em coisas e companhias que possuam simplicidade.
Foi na perfumaria. Maria não
ganhava muito, mas gastou cerca de cinquenta reais. Iria fazer falta para algo
lá na frente? Talvez sim, talvez não...mas Maria queria arrasar no rolê.
Chegando em casa, foi direto para
o banheiro, tomar aquele banho. Se sentir renovada. Entre hidratações e
depilações, Maria focava em como seria incrível a sua sexta. E quem sabe não
arrumaria um amorzinho para paparicar. Afinal quem sabe o dia, o local e a hora
em que isso acontece? Maria estava radiante a cada pensamento e palavra que
saia de sua boca. Ao sair do banheiro era a hora de fazer as unhas para ficar e
se sentir incrível.
Todo cuidado com a alimentação
também era imprescindível. Maria não queria se sentir mal no rolê e muito menos
dar vexame a alguém. Queria curtir muito, dançar a noite toda, beijar na
boca...ver o brilho e prazeres que as noites das casas noturnas tanto passam
aos seus frequentadores.
Sexta- Feira. Chegou o grande
dia. Maria foi para o serviço e já tinha combinado de levar as roupas,
acessórios e maquiagens para a casa de uma das amigas. Ela estava super ansiosa
e nem se importava com o peso da sua mochila. No almoço elas falaram sobre como
seriam seus penteados, sobre os drinks e quem sabe os garotos que iriam
encontrar.
Serviço acabou, e como
dizem...Sextou! Elas foram correndo para a casa de uma das amigas. O tempo era
curto, e o visual não ia ficar pronto sozinho. Banho, perfumes, blush, pó,
chapinha, babyliss. Blusinhas, saias, retoque, saltos...
Chegando
na balada, o drink já estava a mão. A música estava alta e tomava conta de cada
sentido. Maria estava brilhando, não só na pista, mas estava brilhando para si
mesma. Ela se sentia imponente. De repente, em um canto meio escuro, ele foi
notado. Era um rapaz comum, sem nada de especial, mas chamou a atenção de
Maria. Ela contou para as amigas, e na adrenalina do momento o rapaz já estava
ali do lado da mesma. Júlio era o nome dele.
Júlio
de perto era mais encantador e sensual. Eles começaram a dançar e conversar
sobre coisas em comum. Maria sentia que a cada resposta, ela queria saber mais
sobre aquele garoto. Ele definitivamente parecia ser incrível e ela queria descobrir
aquilo pouco a pouco. Depois de várias músicas, ambos foram ao bar para tomar mais
alguns drinks. A música era alta e pra conversar, eles precisavam cochichar um
no ouvido do outro. Maria sentia seu corpo entrar em uma onda de choque e magnetismo
pelo corpo dele. E de repente os dois estavam em um beijo. Cada toque, mão
boba, apertões a fazia desejar por mais.
Maria
avisou para as amigas que iria sair com ele para um local mais reservado. Era a
noite dela. E saíram dando risadas. Chegaram em um hotel, e depois de muitas
caricias, normais e proibidas os dois estavam deitados um ao lado do outro
cansados e pensativos. Maria olhava para o rosto de Júlio e imaginava o quão
bom seria olhar mais vezes. Era um pensamento muito acelerado para aquele
momento? Sim. Mas quem sabe...
Dormiram.
Maria não podia estar melhor. O calor do corpo dele era realmente aquecedor, e
ela sentia segurança e conforto.
Sábado. Ao
acordar, estava virada para o lado oposto de Júlio. Ela acordou com o sorriso
radiante que estava ali desde quinta-feira. Porém, ao se virar para cumprimentar
o garoto, para sua surpresa, ele não estava lá e ao seu redor se encontrava
apenas um amontoado de travesseiros.
E
automaticamente o sorriso de Maria se esvaiu. Um sentimento de dor e solidão se
juntavam as lágrimas que corriam silenciosamente pelo seu rosto levadas pela
gravidade de encontro ao colchão. Maria estava triste pelo fato dele ter
partido sem ao menos se despedir.
Mas mal sabia ela que a decepção
maior foi como ele conseguiu roubar sua alegria radiante em apenas um momento.
Toda a preparação e euforia haviam partido com ele. E na meia luz emanada pelo
sol da manhã em meio a escuridão que ainda estava presente no quarto, Maria
perdeu-se em si mesma.
Samantha C.S. Costa
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