Hoje sou minha pior inimiga. A imagem refletida no espelho gera, quase simultaneamente, uma rejeição; nada agrada. Nunca me encaixei no padrão das meninas que atraíam olhares nos corredores da escola. Pelo contrário, ainda lembro das piadas que me acompanhavam no ensino fundamental. O volume do meu cabelo, meus traços grossos e minhas pernas finas sempre despertava uma risada abafada. Aos 12 anos entrei na corrida pela aceitação, não minha, mas das pessoas em volta. Estica o cabelo a cada 3 meses, mesmo que queime e doa. Faça maquiagem, mas não muito; garotos odeiam maquiagens fortes as revistas dizem. Seja doce e gentil, não se imponha, isso assusta os homens também. Por fim, continue correndo em busca das curvas fartas e simétricas. Aos 16 anos meu coração recebia a visita daquele que viria bagunçar toda minha vida. Diferente dos demais garotos da época, ele me achava atraente e me fez sentir melhor comigo mesma. Mas também me fez sujeitar a meias palavras e meias certezas. Eu